sexta-feira, 4 de junho de 2010

Equilíbrio Distante


Era 1996, uma sexta feira pela manhã, lembro que dormia no sofá da sala e acordei por volta das 11 horas com o cd Equilíbrio Distante de Renato Russo. Tinha um rádio microsystem preto e lá o cd rolou pelo resto da tarde entrando pela noite pegando toda a madrugada.
Eu tinha naquela época minhas crises de sono, virava a noite acordado ouvindo música, desenhando, lendo, sonhando acordado. Era uma época boa, cheia de planos e sonhos, onde o incerto do futuro era uma coisa boa a se pensar. Não existia pressa, diferentemente dos dias de hoje que o relógio já não marca ao nosso favor.
Quatorze anos se passaram, hoje já não tenho tanto tempo pra sonhar. No meu quarto uma dezena de livros, CDs, um violão, uma garrafa de Johnnie Walker Red Label, lembranças, saudades e o mesmo cd tocando. Será I venti Del cuore.
Os ventos do coração sopram e a saudade se confunde lá onde eu não queria. Faixa a faixa a emoção remete ao passado, uma hora distante, outra recente. Então chove e assim entra a próxima canção. Scrivimi.


Scrivimi, quando il vento avrà spogliato gli alberi
Gli altri sono andati al cinema, ma tu vuoi restare sola
Poca voglia di parlare allora scrivimi
E se non avrai da dire niente di particolare
Non ti devi preoccupare, io saprò capire
A me basta di sapere che mi pensi anche un minuto
Perché io so accontentarmi anche di un semplice saluto
Ci vuole poco per sentirsi più vicini


Nas orações e no imaculado coração da mãe eu tento ás vezes me esconder e peço a ela que me tire da “solitudine”. Mas o mesmo Marco da canção existe dentro de mim, mas há muito tempo deixo o banco vazio. E eu volto a pensar que non é possibile dividere La storia di noi due, questo um silenzio dentro me.
É estranho como as canções têm o poder de lançar nossa alma para um vale chamado passado. Neste silêncio recatado que nossa sensatez se refugia. Eu sei que nosso silêncio é pecado aos olhos dos nossos sentimentos. Eu queria voltar para a sala daquela casa, deitar de novo naquele sofá e voltar a sonhar.
Um sorriso bobo me ataca e me faz pensar em uma coisa tola, mas gostosa de pensar. Enquanto eu rolava de um lado para o outro no sofá daquela sala, já ouvindo canções, sonhando com dias futuros, você era apenas uma criança que provavelmente tinha fantasias. Enquanto eu escrevia coisas relacionadas aos sentimentos que já sentia e ao mesmo tempo já confundia, você deveria estar aprendendo a unir as letras e formar palavras.
Eu imagino seu primeiro dia de aula, tua mão pequena empunhando um lápis e formando as primeiras frases. A pele branca, a força de vontade e com o tempo a letra mais bela. Letra esta que depois vieram marcar páginas de cadernos e guardanapos de bares. Minha vida se resume á um "Equilíbrio Distante"


Ma c'è un amore che non so
Più nascondere perché
Adesso ha bisogno anche di te

2 comentários:

  1. teu blOg sempre me traz paz.. é impressionante.

    ''Perché io so accontentarmi anche di un semplice saluto''... Se contenta com uma simples saudação?

    Eu adoro vocêÊ!

    un bacio, mio caro amico

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  2. Oi, sei que não me conheces, mas suas palavras mexerem realmente comigo, como vc mesmo disso, trouxe à tona de dentro de mim, pensamentos, sentimentos e lembranças que infelizmente, o tempo hj não traz mais, mais que vale a pena recordar e chorar....Sinto saudades de mim...Larissa.

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