terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Acreditamos na distância entre nós

Vai ser difícil escrever esse texto, há tempos ando ensaiando para falar desta banda formada em Brasília no começo dos anos 80. Conheci o Capital Inicial por volta de 1997, consegui uma coletânea na época com seus maiores sucessos e não parei mais de acompanhar a banda.
Em 1998 rumores sobre uma possível volta rolavam nas revistas da época e nas rádios. Na madrugada de um dia qualquer, ouvi na Brasil 2000 que a banda estava em estúdio gravando o novo disco. Finalmente, após o fim da Legião Urbana, eu poderia ver ao vivo uma banda de Brasília em ação. Procurávamos independência dos sons que rolavam na época.
“Atrás dos Olhos” chega às lojas, com boas críticas, um belo vídeo clip na MTV de “O Mundo” e um mais belo de “Eu Vou Estar”. A banda não explodiu, mas chegou reconquistando seu espaço. Lembro da entrevista a Showbizz em que Dinho empunhava a bandeira da geração do Rock de Brasília, amparando fãs da extinta Plebe Rude e da saudosa Legião Urbana. Confesso a você que Dinho Ouro Preto era como um novo “salvador” do rock candango, ele não estava ali para ocupar o lugar de Renato Russo, mas aliviava a saudade que fãs da Legião sentiam. Sonhávamos novamente com novos tempos.
Encontrei Dinho na coletiva do acústico da Legião no SESC Pompéia, conversamos bastante, 40 minutos aproximadamente, um bom papo tivemos, falamos sobre seu último trabalho, sobre a Legião e sobre o rock brasileiro. Sai de lá convicto que o Capital voltaria com tudo. E voltou.
O Acústico MTV jogou o Capital aos leões como resumiria Dinho a MTV, de repente eles eram a maior banda do Brasil. Os shows lotados, as músicas na boca dos jovens, tietes, tietes, tietes, tietes. O Capital já não era a “minha banda” agora era a banda de todos. As novas fãs não sabiam cantar uma música antiga e o divisor de águas foi dado ao Capital sem querer querendo. Fãs antigos e novos fãs disputavam atenção da banda. Virou “A.C acústico / D.C Acústico.”
Depois do acústico, ser fã da banda era defender o som dos caras. Muitos criticavam o Capital, diziam que a banda era a mais nova moda, muita pose e pouco som. Que antigamente era melhor. Concordava em partes, mas via muita garra, muita energia e muita evolução no Capital. Então veio a primeira pedrada na janela. Loro Jones, guitarrista da banda desde o começo, deixava o grupo sobre boatos que a banda teria se vendido. O disco pós-acústico teria que provar o contrário, que o Capital era uma banda de Rock, mas o disco veio mais pop. Muitas baladas, letras juvenis e muitos reclamando a falta de Loro Jones. Particularmente gostei do disco, “Rosas e Vinho Tinto” trazia um Capital Inicial diferente, mas onde na sua trajetória o Capital foi uma banda de Rock? Talvez músicas como “Veraneio Vascaína”, “Música Urbana”, “Independência” e “Fátima” davam essa conotação a banda, mas ouvindo sua discografia, “Atrás dos Olhos” foi o mais pesado dos caras até então.
O disco Seguinte, “Gigante” era cópia do anterior, com menos qualidade e em 2005 a banda faz uma releitura das músicas do Aborto Elétrico, primeira banda dos irmãos Fe e Flávio, ambos do Capital, com Renato Russo. Punk Rock na veia, sem descanso, sem pausas para respirar e se alguém duvidava da verve punk ou rockeira do Capital, teria que fazer um novo tratado sobre a banda.
Mas o fraco “Eu nunca disse adeus” foi um prato cheio para os antigos fãs, que já não davam tanta atenção a banda e diziam: “Capital? Melhor não comentar.” Em 2008 a banda lança seu primeiro disco “Ao Vivo”, gravado em Brasília, um milhão de pessoas, mega produção e decepção.
Um show mediano, com bastante energia às vezes, mas muito ensaiado, ou mal ensaiado. A impressão que tive ao assistir foi: Quantas vezes essas meninas não ensaiaram para subir nesse palco? Quantas vezes o Dinho não ensaiou essa corrida de ponta a ponta? Esses gritos, essas invasões e garotas tentando agarrar o vocalista. Uma delas até se preocupa em baixar a saia quando um segurança a agarra pelas costas, saindo sorrindo como se participasse de um programa de calouros.
Resumindo, nota 4 para o disco ao vivo e nota 9 para a discografia Capitalista.

2 comentários:

  1. O que posso dizer sobre o Capital? Ainda mais eu. Hoje em dia tenho mais carinho pelo Capital pelo o que esses caras já fizeram por mim do que pelo trabalho deles em si. Vc que já conversou com o Dinho sabe o quanto ele é atencioso, ainda mais com pessoas q o tratam como uma pessoa comum e não como um pop star. Os últimos trabalhos da banda não me agradaram 100%, talvez uns 3,4 ou 5%, mas sou fã, continuarei comprando os discos deles independente da qualidade músical. O carinho q tenho toda vez q vou num show e todos da banda vem me cumprimentar me tratando como uma amiga e não como uma fã, me deixa super feliz, apesar que ultimamente mal consigo chegar perto deles. Mesmo assim, ver o sorriso do Dinho em cima do palco e apontando pra vc, mostrando q ficou feliz em te ver não tem emoção maior.

    Ro adorei o texto, ultimamente só tenho escutado críticas destrutivas sobre a banda. Foi bom ver q tem fãs da antiga ainda respeitando o q o Capital já fez na história do rock nacional.

    Beijos

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  2. Engrassado, eu sempre gostei do capital inicial, desde os tempos em q eles começaram com musica urbana. Depois o Dinho saiu do grupo.Certa vez, um conhecido meu disse q ia comprar um disco solo dele.Isso foi lá pelos idos de 1997.Depois ... eles voltaram com um disco chamado atrás dos olhos.O lançamento desse disco,se me lembrobem,ocorreu no Sem Censura, programa da Leda Nagli... posteriormente eles tocaram no Bem brasil e dois anos depois eles fizeram um acústico .O + surpreedente é q apesar deles terem tido exito na década 80,somente quase vinte anos depois é q eles emplacaram...O Capital teve a sorte ,contrária de seus contemporaneos, q foi dar uma pausa,uma senhora pausa, e depois retornarem e com chave de ouro.
    valeu,muito bom esse seu texto

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