sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Infância

Em 1982 minha mãe foi até uma cartomante e abrindo as cartas disse: “Você vai ter mais um filho”. Ela não acreditou, e algum tempo depois ela estava grávida. Nasci no dia 7 de Março de 1983, às 21hs: 20m, sobre o signo de Peixes, com ascendência em Escorpião e a lua em Capricórnio.
Nasci no bairro da Pompéia, na Avenida Pompéia 1178, ao lado da igreja de Nossa Senhora do Rosário, no Hospital e Maternidade São Camilo. Fiquei alguns dias no hospital, devido a uma Icterícia, excesso de bilirrubina no sangue. Sai do hospital e fui para casa, era um começo de uma vida. Meu nome foi uma homenagem ao meu avô, Rogério Belluzzi, o Marcos foi para não quebrar a sequencia dos nomes de meus irmãos: Marcelo e Márcia (todos começando com a letra M)
Sempre fui um bebê bem tranqüilo, mas fui mudando com o passar do tempo. Aos dois anos assisti atentamente ao funeral de Tancredo Neves, segundo minha mãe, ficava vidrado na TV, vendo aquela multidão chorando a morte do seu presidente. Conversava muito com as paredes de casa, geralmente eu brigava com elas e descontava minha raiva dando cabeçadas. Meu Pai diz que eram tão fortes as cabeçadas que chegava a assustar quem estava por perto.
Morava no bairro do Campo Limpo, então meus pais conseguiram uma casa na COHAB de Carapicuíba e mudamos para lá em 1985. Nossa casa era simples, dois quartos, sala/cozinha, banheiro. Tinha um quintal bacana e um cachorro chamado Chiper, com o tempo construímos uma oficina para minha mãe e um barraco para meu pai guardar as coisas dele.
Em uma madrugada acordei e fiquei olhando a escuridão, a luz que vinha da rua iluminava a cozinha e vi nitidamente um animal vindo em minha direção. Um tigre. Morrendo de medo, fui para a cama de meus pais e essa imagem me acompanhou por um longo tempo. Morria de medo dos programas do Chico Anísio, tinha crises de choro quando começava seu programa no sábado à noite, e também morria de medo dos programas políticos da época.
Adorava futebol, narrava os jogos do meu time de coração, o Corinthians, imitando o narrador Silvio Luiz (ééééééé do Corinthians encha o peito, solte o grito da garganta e confira comigo no replay). Gostava de brincar, principalmente de rezar missas, meu sonho era ser padre. Devido a isso estraguei muitas bíblias do meu pai.
Aos Domingos acordava cedo, ia à missa e na parte da tarde, meu pai gostava de me levar para passear. Quando não íamos a Aparecida do Norte, nosso programa acabava sendo Pirapora ou a Igreja de São Judas Tadeu na zona sul de São Paulo. Era muito religioso, ainda sou, acreditava que conseguiria a santidade, tanto que ao assistir o filme “O Milagre de Fátima” fiquei de joelhos em frente à parede e rezava esperando a visita da virgem santa.
Certa vez vi Jesus em um espelho, olhando de longe pra mim (isso é verdade gente) e gostava de assistir a todos os filmes bíblicos que passava. Meu pai explicava e contava-me histórias sobre Jesus, sobre Nossa senhora aparecida e sobre o Negrinho do Pastoreio. Cantava pra eu dormir a música caipira “As Andorinhas”. Uma vez na igreja onde fui batizado, a paróquia São José do Jaguaré, entre e fiquei de frente para o altar olhando a cruz. Sai correndo, afobado, gritando que o Diabo estava dentro da igreja.

Minha mãe por sua vez cuidava muito de mim, um dia no parque da Água Branca comprou um boneco do Pica Pau (como fiquei feliz aquele dia). Freqüentava muito os retiros da comunidade Kolping, entidade que ela faz parte. Ficava dias e dias, brincava sozinho pelos corredores das casas paroquiais. Mas o momento que eu mais gostava era quando todos se reuniam no salão para cantar, ah como eu gostava, aprendi boa parte das músicas folclóricas lá, simplesmente adorava.
Meus irmãos eram sensacionais, Marcelo, o mais velho gostava de me levar para ficar com seus amigos. Ali ouvi pela primeira vez a banda Camisa de Vênus. Sempre que encontrava com ele pedia pra colocar a música “Bete Morreu”. Minha irmã era a segunda mãe, cuidava, dava roupa, levava no Mc, batia, adulava, mimava e me amava muito.
A música entrou cedo em minha vida, gostava muito de cantar, uma vez dei um show incrível com um espremedor de limão, destes de fazer caipirinha. O show acabou em tragédia, em um momento de empolgação o espremedor escapou da minha mão acertando em cheio a cabeça de minha irmã.
Ouvia os discos caipiras que tinham em casa, “Tião Carreiro e Pardinho” era o meu favorito. Também ouvia os discos de Roberto Carlos e um disco espírita que não me lembro o nome. Tinha o disco de Chico Buarque, Os Saltimbancos. Balão Mágico também vivia na vitrola de casa, aprendi a cantar “Ursinho Pimpão” e deitava no colo da minha irmã para cantar com ela:

“Dança também, Pimpão, pelo salão.”

Estudei em uma pré escola chamada Grêmio Verde na COHAB, minha primeira professora se chamava Márcia. Certo dia, no final de ano, próximo a formatura, o conselho da escola precisava de uma criança para representar o menino Jesus. O negócio era simples, era preciso andar de um lado para o outro ao som de “Guerra dos Meninos” de Roberto Carlos, entrava pelo meio das crianças e subia uma escada. No topo, era preciso ficar de frente para a multidão representando o filho de Deus. Adivinha quem foi escolhido?
Apaixonava-me diariamente, certa vez acordado até tarde vi uma mulher passar em frente à casa onde morava, seu nome era Ana Paula, estudante e irmã de um amigo. Ela deveria ter por volta dos seus 18 anos, era linda. Minha mãe combinou com ela e fizeram uma surpresa para mim. Imagina minha cara quando ela se escondeu no vão do muro da minha casa.
Existem muitas histórias da minha infância, mas acho que contei o suficiente para você conhecer uma parte da minha vida meio que desconhecida. Quem sabe um dia role uma biografia ou uma autobiografia para a felicidade de quem gostou deste breve relato sobre uma parte feliz da minha vida: Minha infância.

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