quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Sob essa chuva


Patty Griffin cantou perfeitamente o seguinte verso: “Então vou deixar o tempo perdoar o passado e vou fazer alguns outros planos”. É tão difícil pensar no tempo como um remédio para o passado. Mas sim, eu fiz outros planos, contei outras histórias e escrevi outros poemas, até cantei outras canções. Penso se adianta, pois ainda continua aqui dentro tudo aquilo que encontrei um dia.
Não encontrei por muito tempo a vontade de escrever, abandonei as palavras, rasguei meus versos. Cerquei-me de pessoas invejosas, dei mais valor ao veneno dos conhecidos e não absorvi as críticas sinceras dos amigos. A paciência foi visita no meu ser, entrava, batia o cartão e não trabalhava dentro do meu coração. Deixei-me jogado nas valetas da vida, mas vi tudo que tinha que ver. Li histórias de ódio, presenciei o dedo apontado para inocentes. Mas também conheci histórias de perdão e amor. Do inferno vi o paraíso.
Não perdi a Fé, apesar de a chuva cair violentamente dentro de mim. Eu imaginei ver você pelo retrovisor do carro esses dias, lembrei daquele abraço onde encontrei a metade perdida da minha alma. Senti os cheiros das matas e conversei com Oxossi sobre a brevidade da vida. Ele me disse: “O que fica é o bem que tu faz”.
A vida é um flash de luz. É tu quem comanda o brilho dessa luz que existe dentro de você. Quando acreditamos, nem a chuva que cai apaga esse amor que sentimos. Incomoda a cada dia, a cada hora, a cada pensamento e a cada música que ouço. É chuva, é tempestade, que ela lave o que eu sinto. Que as palavras sejam trovões e as letras como pingos de chuva.
"Agora não quero implorar, baby
Nunca choveu tão forte como esta noite antes
Por uma coisa que talvez você nunca possa dar
Eu não estou procurando pelo descanso de sua vida
Eu quero apenas outra chance para viver”
Outra chance, outros planos, como eu queria ter. Alias, eu tenho, mas a estrada que sigo está repleta de outdoors com seu rosto e com as promessas que você nunca me fez. Um dia imaginei que saíram da sua boca. Na encruzilhada entre a chuva e o sol, resta a dúvida: Será que você se foi? Será que foi um sonho, um delírio? Ou fui eu que ainda não apareci na sua vida?


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