quinta-feira, 23 de abril de 2015

A Canção na Voz do Fogo

Deixar a tristeza e trazer a esperança em seu lugar. Seria simples, se não fosse um tanto quanto complexo mudar coisas que trazemos no coração. Deixar de lado a angústia do dia a dia, dos amores imperfeitos ou não encontrados ou não correspondidos e colocar em seu lugar a esperança de dias melhores. É, eu sei, já retratei e eternizei isso em canções, já fui radical muitas vezes. O que fui e pra quem escrevi já não importa mais, hoje os motivos fingem que eu não existo. Mas não quero falar desse meu passado, não desse passado. Afinal, canções são canções e ficaram no passado pra ninguém. Literalmente pra ninguém. Tudo que fiz e escrevi foram palavras ao vento.
Hoje assisti o documentário sobre Cássia Eller. Genial, sem sombra de dúvidas uma das maiores cantoras que o Brasil produziu. Ela foi sopro, foi brisa, foi vento e vendaval. Cássia ultrapassou os limites artísticos, deixou legados, superou preconceitos e viveu intensamente o slogan Sexo, Drogas e Rock "n" Roll.
Ouvindo sua voz em canções me remete muito aos meus sonhos. Tem canções que me lembram outras coisas como "Um Branco, Um Xis, Um Zero" por exemplo:

"Já passei um pano um branco, um zero, um xis
 Um traço, um tempo, já passei Só o cheiro do seu cheiro Não consigo deixar para trás Impregnado o dia inteiro Nessa roupa que eu não tiro mais"

O cheiro. A gente esquece os olhos, a boca, o jeito, mas nunca um cheiro. Talvez isso me marque mais que momentos. Sentir o cheiro e me lembrar de um tempo bom, de uma música, de sentimentos, de tudo que me faz ser o que sou. Mas quem sou? Cássia escreveu uma carta que dizia:

‘Você pode achar que me conhe­ce. Pode conviver comigo, ser meu amigo, pode até ir para a cama comigo, mas você não me conhece.'

Eu sou o misto de sentimentos, de emoções, de carinho e afeto, de raiva e indignação. Sou malandro, mas se soubesse ser malando de verdade, seria honesto só por malandragem. Mas sou puro de coração, simples por opção e sonhador por imposição dos astros. Meu sonho era deixar um legado, hoje apenas existo e vivo, mas não sei pra que vivo, por isso apenas existo. Eu queria ser Cássia Eller, como a própria Cássia cantava, mas não sou. As vezes me perco nas malandragens da vida, na bebedeira, na canções de porta de botequim, nas camas que nunca vi. Mas entre as coisas tão mais lindas encontrei o eixo de um amor novamente. De presente de aniversário, Deus me mandou entre as coisas tão mais lindas um anjo que sempre sonhei. Se é não sei, mas hoje parei de me jogar ao vento feito palavras. Deixei de lado a malandragem, busquei na luz dos teus olhos o segundo sol que tanto procurei.




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